Ministério da Saúde segue sem cumprir promessa de vacinação para 50 a 59 anos no AM
Informe do MS acontece três semanas após a promessa ter sido feita. Para pesquisadores da Fiocruz, se ao menos 70% da população do AM não se vacinar até abril, uma terceira onda será iminente

Após três de semanas da promessa de vacinar toda população do Amazonas a começar pelos maiores de 50 anos, anúncio adiado por falta de vacinas, na segunda-feira passada (22), o Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (4) ao A CRÍTICA que enviou doses de vacinas contra covid-19 suficientes para imunizar todos os idosos da faixa etária de 65 a 90 anos.
No entanto, o MS não menciona quando enviará nova remessa de vacinas para cumprir a promessa de vacinar a faixa etária de 50 a 59 anos. O Ministério enfatizou que o Amazonas está vacinando o grupo prioritário de 60 a 64 anos, "à frente do restante do Brasil". A pasta explica que também enviou doses para serem administradas em 26% dos idosos de 60 a 64 anos.
“Em caráter especial, destaca-se que além da distribuição igualitária e proporcional às 27 UFs, devido a situação epidemiológica apresentada pela Região Norte,- com aumento do número de óbitos e registro alta taxa de mortalidade -, e considerando que a população idosa apresenta um sobre risco maior de hospitalização por complicações da doença e mais chance de ir à óbito, quando comparado a idade anteriores, foram promovidas ações estratégicas para esta região, culminando na definição de um Fundo Estratégico, equivalente à 5% do total de doses de vacinas. Nesse contexto, os estados da Região Norte foram atendidos gradativamente com mais doses para acelerar a vacinação”, registra a nota.
Para pesquisadores de institutos de científicos locais, como Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a Fiocruz Amazônia, se ao menos 70% da população do Amazonas não for vacinada até meados de abril, uma terceira onda da Covid-19 pode estourar.
Pressionado por um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura omissão do Ministério da Saúde na falta de oxigênio em Manaus e por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado segurada pelo presidente do Congresso, o ministro da Saúde, general da ativa, Eduardo Pazuello prometeu há três semanas acelerar a vacinação de toda população do Amazonas acima de 18 anos, a começar pelos maiores de 50 anos.
O compromisso foi anunciado em audiência no senado, no dia 11 de fevereiro, orquestrada pelo presidente do senado, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que negociou a ida de Pazuello para retardar a instalação da CPI. As respostas do ministro não convenceram os senadores.
No dia 13 do mesmo mês, em Manaus, Pazuello, deu a data do início da operação de imunização no Amazonas, que seria no dia 22 de fevereiro. Contudo, por falta de vacinas, a campanha foi adiada sem novo prazo para a retomada. Um dia antes a Prefeitura de Manaus emitiu nota explicando o adiamento.
A promessa era de que a vacinação deste grupo seria coordenada pelo MS e pelo Ministério da Defesa, através de uma Força Tarefa que envolve o Exército Brasileiro, já na primeira fase da campanha nacional de imunização contra a covid-19.
A medida foi um aceno ao apelo dos senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD). Durante a sessão de questionamentos ao ministro, os senadores do Amazonas criticaram a inação do Governo Federal e o negacionismo à ciência.