O que ganhei com a pandemia do novo coronavirus?
Trinta e dois meses depois de cruzar a fronteira, consegui meu primeiro emprego como jornalista e meu registro profissional

A 15 dias de ficar em isolamento social e sem renda pela pandemia do novo coronavirus, esta jornalista venezuelana recebeu um convite para formar parte da equipe de repórteres do portal Agroflorestamazonia.com, e confesso que fiquei muito feliz.
Eu disse a mim mesma: “Hora de arregaçar as mangas e trabalhar”, porque era a minha oportunidade. Depois de 32 meses no Brasil, estava se abrindo uma porta na minha profissão.
Sou formada em Comunicação Social pela Universidade Central de Venezuela e tenho Mestrado em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid-Espanha, mas quando passei a fronteira e cheguei no Brasil, todos os meus logros acadêmicos e a minha experiência no jornalismo pareciam ter sido apagados. Tudo ficou para trás.
Quando procurava um emprego na área, pelo sotaque “puxado” quando falo português e a falta de experiência nos veículos brasileiros a resposta foi “Obrigado por ter vindo, a gente entra em contato”, mas ninguém me ligava.
Então, fiz transações imobiliárias e trabalhei como corretora para pagar as despesas e sobreviver em Manaus.
Mas eu sou apaixonada pelo jornalismo e não deixei morrer meu sonho. Eu tinha que aprimorar meu português e aprender a fazer jornalismo brasileiro. Aliás, amazonense.
Mas “O tempo de Deus é perfeito”. Em dezembro de 2019, graças a indicação da jornalista e editora de economia de A Crítica, Cinthia Guimarães, eu escrevi dois trabalhos para a Revista Floresta Brasil e conheci seu diretor, o jornalista Antonio Ximenes. Três meses depois, ele me chamou para escrever em seu novo portal.
No dia 3 de abril, com muita humildade, compromisso e responsabilidade comecei meu percurso para dar a volta para cima.
Tive que adquirir mais conhecimentos para exercer minha profissão. Estudei sobre agronegócios, agricultura e pecuária, para entender como funciona o setor primário no Amazonas e no Brasil.
Trabalhei bastante. Fiz entrevistas telefônicas, me esforçando para entender o português dos homens simples da agricultura familiar. Mas também a linguagem técnica dos superintendentes, diretores, presidentes de institutos, agências, sindicatos e companhias. Foram dez horas de trabalho, todos os dias.
Ganhei muito aprendizado nestes dias de isolamento social e home oficce. Por isso, com coragem, tomei o risco: peguei todos os post deste Blog, Vida de Imigrante, as reportagens publicadas no portal Agroflorestamazonia.com, junto com a documentação exigida e preenchi a solicitação de meu Registro Profissional como Jornalista no portal do Ministério do Trabalho, mesmo com a pandemia acontecendo.
Dez dias depois, nervosa e sem fôlego, procurei a resposta. Desta vez, graças a Deus, a resposta foi positiva: “Conforme processo... você é apto a exercer a profissão”. Fiquei muito feliz!
Então, posso dizer que a pandemia me deixou o meu Registro Profissional como jornalista e a posição de repórter no portal Agroflorestamazonas.com. Na semana passada comemoramos seu terceiro mês e continuamos focados em produzir conteúdo de qualidade para ganhar a preferência do mercado agrícola.